Forte, delicada e dedicada. Impaciente e ciumenta.
21 anos. Uma menina-mulher! A mais nova a compor o projeto até agora.
Estudante de Letras na UnB, anseia por compartilhar o seu saber com outros e, nesse movimento, se esforça para também aprender e se tornar uma pessoa melhor para o mundo.
Isabella chega para dar força ao projeto.
Aos 11 anos foi vítima de abuso sexual (por respeito, não adentraremos com detalhes ao fato) e dois meses depois perdeu seu pai num acidente de carro.
Seu pai, seu herói, seu amor, seu mundo azul, sua saudade. Foi tirado de sua vida de forma inesperada e dolorida. Dez anos depois, ela ainda lembra de detalhes peculiares da sua infância junto dele, de detalhes que, quando contados, emocionam. Sempre que leio seus relatos escritos nas datas comemorativas (dia dos pais, aniversário…), me emociono instantaneamente com cada palavra.
O luto hoje é vivido de forma saudosa e não mais triste, cheia de lembranças boas de todos os muitos momentos que marcaram.
A sequência de acontecimentos tristes que feriram sua infância e adolescência reflete ainda hoje na sua vida e personalidade.
Isabella sofre de ansiedade.
Considerada um transtorno mental, a ansiedade acomete cerca de 33% da população mundial, segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS.
Como são 33 milhões de ansiosos no mundo, fica o pretexto para se pensar em uma epidemia ou para se considerar a ansiedade como um mal contemporâneo. Mas, por trás de números, há pessoas ansiosas, há a Isabella e nelas podemos encontrar histórias bastante particulares e sentimentos sobre uma rotina vivida com muita angústia.
Isabella tem crises de ansiedade regulares. “ Minha cabeça dimensiona meus medos, inseguranças e problemas para um tamanho maior do que eles realmente são. Muitas vezes eu me coço até minhas mãos ficarem na carne viva, tenho tremores e choro contínuo. O pensamento constante é ‘se mata, a solução é essa ” – ela conta.
Três dias após o ensaio para o Estação, e após uma sequência de acontecimentos, ela deu atenção aos pensamentos e tentou interromper sua existência. Por sorte, Deus ou o que vocês prefiram acreditar, Isabella saiu ilesa.
Esse foi o texto mais difícil de escrever até agora, mas escrevo agradecida por ter adentrado tão fundo em todos esses acontecimentos. Da forma mais relevante, Isabella me ensinou a não julgar e desmerecer o sentimento do outro, a não comparar o contexto do outro com o contexto que eu vivo.
Não ver a situação da mesma forma que o próximo é normal, mas é preciso dar atenção ao que se fala porque aquilo é importante de ser expressado. No fim, estamos todos tentando sobreviver a nós mesmos e a esse mundão, mas algumas pessoas têm batalhas maiores que as outras. Algumas lutam para ter o que comer, outras para aliviar a dor de um coração partido, outras ainda pela falta de amigos no recreio. No fim, tudo é problema, não deveria existir balança.
Nossas dores só são vividas por nós mesmos. Até podemos ser solidários com a história do outro, mas é só o outro que sabe exatamente qual o cheiro do ar que respira.
A imagens abordam os acontecimentos, os sentimentos compartilhados e a personalidade valorosa da Isabella . Éramos nós e um lugar só nosso! O vazio do ambiente se contrasta com uma mulher aparentemente frágil se contraponto com a força da sua realidade. O azul remete ao seu mundo azul perdido na infância. Ali, imersa no anil, pretendi de alguma forma a conectar ao seu herói.
Escrevi esse texto escutando continuamente “Can’t Take My Eyes Off You” (umas de suas musicas preferidas).
Deixo a você meu apreço, afeto e admiração. Foi um prazer conhecer a mulher forte que existe aí dentro!

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