Pisciana, 23 anos, mãe, esposa, tímida, empática, honesta e humilde.
A primeira gravidez veio aos 20 anos, nada planejado. Uma surpresa, uma baque, um medo, de repente tudo mudou e ela se lançou numa vida nova. Cuidar de si já não era uma prioridade, foi ficando de lado sua vaidade e aos poucos sua essência. Ela já não se reconhecia como mulher, sempre muito ocupada com as novas responsabilidades, os planos que tanto sonhou pro seu futuro foram se perdendo aos poucos, afinal de contas, agora ela tinha uma pequena pra cuidar.
Dois anos depois, um vacilo, outra surpresa, mais uma gravidez.
Junto com tudo isso, veio a culpa, mais uma vez não foi planejado, as coisas ainda estavam se reestruturando, mas acabou acontecendo.O julgamento aconteceu por parte de pessoas muito próximas, na cabeça da maioria a culpa é sempre da mulher que não se preveniu, que não evitou… Infelizmente ainda vivemos em uma sociedade altamente machista.
O sofrimento foi inevitável. Tudo aconteceu ali dentro dela, oculto no seu intimo. Seu corpo mudou novamente, não era agradável se olhar no espelho, a auto estima tinha ido embora… Os amigos se distanciaram. Veio a depressão!

A vontade era de largar tudo, chutar o balde, afinal, ela já não tinha estrutura pra continuar. Tudo era novo pra ela e pra ele, talvez por esse motivo ela não pode contar com auxilio dele pra se erguer.
Com o apoio da mãe e a cobrança mutua de estar firme pra cuidar das filhas, ela se reergueu. Ou engolia a depressão, ou a depressão a engoliria.
Hoje a realidade é outra. As magoas, ressentimentos e dores ainda existem e vez ou outra  sinalizam que precisam ser transformadas. E isso tem sido cuidado com o tempo e muita força de vontade. O amor pelas filhas, e a vontade gigantesca de estruturar sua pequena grande família tem sido seu impulso.
Não posso resumir a historia só nos pontos fracos, tenho que relatar aqui, que ela é grata pela dádiva que recebeu duplamente de Deus ao ser mãe, e por poder escolher seu companheiro pra vida.
A historia da Mikaelly é mais comum a cada dia. Enquanto eu lia a historia dela, minha vontade era antes mesmo de terminar, responder o e-mail alertando do quanto ela é forte! Mostrar que a realidade dela era só mais uma em meio a muitas, mas o resultado poderia ser singular e genuíno, só dependeria dela!
Não nos conhecíamos pessoalmente, conversamos pouco, respeite o máximo os limites que existiam entre a gente… Minhas percepções sobre essa pequena grande mulher e mãe são superiores a todos os pontos tristes nessa historia toda.
É uma sonhadora nata, que precisou pausar seu ciclo. Valoriza muito comportamentos que demonstram consideração, é sensível, amável e dona de uma compaixão sem fim, não se arrepende pelas segundas chances que já deu às pessoas que te machucaram… É extremamente cuidadosa, tem que saber onde ta pisando pra se mostrar por inteira. Encarar a realidade sempre te deu medo, prefere tratar disso na teoria do que na pratica, mas quando lançada, não foge e enfrenta. Desistir não está entre suas opções.

Quem acompanha meu trabalho, sabe que eu pouco clico em preto e branco, mas dessa vez eu senti uma extrema necessidade de mostrar dessa forma.
Eu adentrei a intimidade dessa mulher e ela me mostrou um mundo potente, íntegro e incompleto de cores… O lado mãe é absoluto, um deleite, repleto de alegria. Agora é necessário resgatar sua essência e seus valores.
Deixo pra você tudo em preto e branco, pois dessa forma você pode escolher as cores que quiser pra dar vida a essa realidade!

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